Gostaríamos de convidá-los para participar do Seminário Antonieta de Barros: Literatura e Ensino na Educação Básica, cujo tema este ano recai sobre "Interfaces: Linguagens, Literatura, Leitura e Produção", que está previsto para ser realizado em 13 e 14 de novembro de 2012, no auditório Henrique Fontes do CCE/UFSC, a partir das nove horas, com término previsto para vinte e uma horas de cada dia. A capacidade de lotação do auditório é de 120 pessoas por período e as inscrições para o evento começam a partir de 10 de agosto de 2012 para comunicações em grupos temáticos e em 10 de setembro de 2012 para ouvintes, sendo que as vagas são limitadas. A discussão e reflexão de todo o evento, as palestras, os minicursos e os grupos temáticos tem por objetivo tratar do LETRAMENTO LITERÁRIO, a presença da leitura e do texto literário durante a formação do leitor e produtor de textos, bem como a formação de futuros escritores a partir da educação básica; sendo a Literatura uma presença constante nas aulas de Língua Portuguesa. Neste ano o evento passou a ser de dois dias e está na categoria de Seminário. Evento que consta com um precioso grupo de organizadores, colaboradores e incentivadores, a quem agradecemos a parceria.
O foco do seminário é a formação de professores da Educação Básica e a apresentação de trabalhos de pesquisa que auxiliem no aprimoramento dos métodos de ensino-aprendizagem de Língua Portuguesa e Literatura em sala de aula, bem como no aprofundamento de conhecimentos científicos neste campo de estudos. Por esta razão, optou-se por fazer um seminário com característica híbrida, pois reunirá profissionais da área de LETRAS que já atuam da Educação Básica ( professores do ensino fundamental, pré-escolar, educação de jovens e adultos e ensino médio), com pesquisadores professores de Língua Portuguesa e Literatura da Pós-graduação da UNINCOR, Dr. Gil Roberto Negreiros e da UFMG, Drª Camila Tavares Leite; bem como os professores efetivos doutores da UFSC como Márcio Markendorf do Curso de Cinema e do Departamento de Artes e Libras, Fernanda Muller, professora de Língua Portuguesa e Literatura do Colégio de Aplicação; contando com a presença do Dr. Stélio Furlan, professor de Literatura Portuguesa da UFSC, o qual fará parte do Grupo Temático organizado pela Dr.ªMárcia Bianchi, professora de Língua Portuguesa e Literatura na Secretaria de Educação do Estado em Chapecó. Estarão presentes os pesquisadores da Pós-graduação de Literatura da UFSC como Mariana Lange, Verônica Cúrcio, Adris André de Almeida, Daniela Bunn.
Caro professor da Educação Básica e Pesquisador em Língua Portuguesa e Literaturas, sua presença será uma honra para todos nós. Refletir a prática docente no campo das linguagens, literatura, leitura e produção em Língua Portuguesa na Educação Básica torna-se uma valorosa missão do Seminário Antonieta de Barros. “Embora venham ventos contrários, não desanimem”, já nos proferia S. Paulina.
Antonieta de Barros, idealista e defensora da educação plena, escreveu em 1947 no jornal Idealista, que: “A escola do saber ler e escrever é uma benção incompleta. [...] Verdadeiras oficinas, onde cada um aprende a utilidade da maravilha do saber ler, manejando-o conscientemente, para a felicidade do Brasil, unido, livre e cada vez maior, no valor moral e intelectual dos seus filhos.” Aqui a mestre traz a virtude do ensinar e aprender a ler e escrever como princípios de qualificação na vida de cada um dos pequenos e de adultos ávidos por aprender a ler e escrever. Em maio de 1946, no afã do patriotismo, Antonieta ergue a bandeira pela valorização do magistério e pela dignidade do SER PROFESSOR, que se responsabiliza em educar o ser social, pertencente à classe mais humilde da sociedade, o povo. Ali ela escreve que:
“Há um delicado e harmonioso poema de ternura que identifica e unifica o gesto do que semeia, do que maneja as ferramentas; do que movimenta e dirige máquinas; do que empunha do livro; do que dirige o lar; do que vigia e guarda a integridade do solo e defende a vida da Pátria, na pureza das tradições e do respeito às leis; do que procura roubar ao homem o amargor do sofrimento; do que fixa um pensamento de arte; e na bondade do que ensina a ver Deus, no seu semelhante. Este poema vivido, cada dia, com o mesmo entusiasmo, com a mesma emoção, com a mesma consciência, não desmerece, nunca, na sua extraordinária beleza de simplicidade, nem no seu infinito valor, porque, por ele, mais se firma, e eleva, e sublima a força moral, que a nossa própria dignidade, e que nos permite viver de pé, agir de pé, e, ainda, cair de pé! A dignidade do indivíduo é a dignidade da Família. E, sendo a Pátria a Família amplificada, no dizer feliz de Rui (aqui ela se refere às palavras de Rui Barbosa), façamos de nossa caminhada uma dignidade em ascensão, trabalhando, e realizando, e construindo, e aperfeiçoando, em cada momento, a Pátria, com que a bondade do Senhor nos presenteou. E orgulhosos da tarefa com que o destino nos premiou, dando-nos, para berço nosso extraordinário Brasil, trabalhemos, com carinho, devotamente, no sentido de dar à Pátria Brasileira, maior grandeza e eternidade esplendorosa! E, agora e sempre, cérebro e coração, pensamento e ação, coesos, unos indivisíveis, com Deus, para o Brasil e pelo Brasil!” (Maio de 1946).
São palavras fortes de incentivo aos que buscam a qualificação permanente do magistério público e não esmorecem na labuta da escola, na labuta da vida pela vida. Em um momento em que a classe de professores de todos os níveis lutam por reconhecimento, o professor de Língua Portuguesa também labuta por seu espaço, um espaço já tão pequeno e cada vez mais fundamental. A literatura também fica a espreitar um momento, como uma necessidade crucial de desenvolvimento do intelecto. Nesse pensamento, Antonio Candido , em O direito à literatura, 1995, afirma que "A literatura corresponde a uma necessidade universal que deve ser satisfeita sob a pena de mutilar a personalidade, porque pelo fato de dar forma aos sentimentos e à visão do mundo ela nos organiza, nos liberta do caos e portanto nos humaniza. Negar a fruição da literatura é mutilar a nossa humanidade." Rildo Cosson, em Letramento Literário, 2011, afirma que "o nosso corpo linguagem funciona de uma maneira especial. Todos nós exercitamos a linguagem de muitos e variados modos em toda a nossa vida, de tal modo que o nosso mundo é aquilo que ela nos permite dizer, isto é, a matéria constitutiva do mundo, é antes de mais nada, a linguagem que o expressa. E cosntituímos o mundo basicamente por meio das palavras. No princípio sempre é o verbo que faz o mundo ser mundo para todos nós, até porque a palavra é a mais definitiva e definidora das criações do homem. Como bem diz o pensamento popular, se uma imagem vale por mil palavras, mesmo assim é preciso usar a língua para traduzir as imagens e afirmar seu valor".
Por isso, ao refletirmos sobre o SER PROFESSOR e SUA LABUTA em busca do aprimoramento do Letramento Literário, lembra-se de dois poemas de Fernando Pessoa, ambos retirados de Antologia Poética, o primeiro nos traz que: "Não sou eu quem descrevo. Eu sou a tela./E oculta mão colora alguém em mim./Pus a alma no nexo de perdê-la/E o meu princípio floresceu sem Fim." E na fé que conosco caminha, profere, na viagem da vida, uma inquietante interrogação: "[...] Chegado aqui , onde hoje estou, conheço/ Que sou diverso no que informe estou./ No meu próprio caminho me atravesso./ Não conheço quem fui no que hoje sou./ Serei eu, porque nada é impossível,/ Vários trazidos de outros mundos, e/ No mesmo ponto espacial sensível/Que sou eu, sendo eu por'star aqui?/Serei eu, porque todo o pensamento/Podendo conceber, bem pode ser,/ Um dilatado e múrmuro momento,/ De tempos-seres de quem sou a viver?" . Talvez, refletindo em uma possível resposta a tal empreitada, Cecíclia Meirelles nos dá o Motivo: "Eu canto porque o instante existe/ e a minha vida está completa./ Não sou alegre nem sou triste: sou poeta./ Irmão das coisas fugidias,/ Não sinto gozo nem tormento./ Atravesso noites e dias/ no vento./ Se desmorono ou se edifico,/ se permaneço ou me desfaço, /- Não sei, não sei. Não sei se fico/ ou passo./ Sei que canto. E a canção é tudo./ Tem sangue eterno e asa ritmada./ E um dia sei que estarei mudo: - mais nada.". Mas, até lá, falaremos, ensinaremos, aprenderemos, faremos cinema, escreveremos, publicaremos e eternizaremos o nosso fazer... somos todos verdadeiros poetas no diletantismo de SER.
Agradecemos o apoio institucional da Secretaria de Educação do Município de Florianópolis, na pessoa da Professora Sidneya Gaspar Lemos; do Chefe do Departamento de Língua e Literatura Vernáculas, Professora Rosana Cássia Kamita; do Diretor do Centro de Comunicação e Expressão, Professor Felício Margotti; das professoras Tania Ramos, Eliane Debus e Zahide Muzart pelo incentivo, bem como a todos aqueles que prestigiaram e participarão do evento.
Qualquer dúvida ou esclarecimento necessário, favor entrar em contato pelo endereço eletrônico: semanaantonieta@gmail.com.
Cordialmente, Luciene Fotnão, presidente da Comissão Organizadora e Idealizadora do evento.